No dia 12 de janeiro
de 2010, o Haiti, um dos países mais pobres economicamente da América, foi
atingido por um terremoto de magnitude 7.0 na escala Richter. Casas e edifícios
desabaram e mais de 200 mil pessoas morreram nessa tragédia. A situação
econômica do país que já vinha mal piorou, muitas pessoas que perderam suas casas
passaram a morar na rua e a alimentação, água potável e remédio não foram
suficientes para suprir a necessidade da população haitiana e ainda hoje não
são.
Devido à condição
precária de vida no país, muitos haitianos imigraram para outros países e o
principal destino deles foi o Brasil, país responsável pelo processo de
pacificação no Haiti. A grande maioria dos haitianos trabalha em construção
civil, alguns possuem uma formação superior, mas não conseguiram emprego em sua
área de formação.
Lesly Cliassaint tem
33 anos e tenta refazer a sua vida no Brasil, esta aqui desde 11 de janeiro de
2012 e recentemente conseguiu trazer sua esposa, mas deixou seu filho no Haiti
com os avôs.
“Meu país ficou
destruído, não há condições de vida lá”, declara Lesly.
Ele conseguiu um
visto para entrar no Brasil, veio pelo Amazonas e de lá partiu para São Paulo
onde conseguiu emprego de pedreiro através de amigos haitianos que já estavam
no país. Hoje Lesly trabalha registrado e ganha três vezes mais do que ganhava
no Haiti na mesma função.
“Tive um pouco de
dificuldade quando cheguei aqui, não entendia bem o Português”, afirma.
Lesly fala Criolo,
francês, espanhol e inglês e com o tempo foi aprendendo o português só em ouvir
os paulistanos falando, mas ainda assim tem um pouco de dificuldade.
O criolo é um idioma
falado por quase toda a população do Haiti, a outra língua oficial do país é o
Francês, idioma no qual o criolo se baseia, sendo que 90% do seu vocabulário
vêm dessa língua.
Segundo Lesly, os
paulistanos sempre o trataram bem, o Brasil foi um país que o acolheu como um
dos seus e ele não tem pretensões de voltar ao Haiti para viver novamente lá.
“Só vou buscar meus
pais e meu filho que deixei lá”, Conta Lesly.
Os familiares dele
sobrevivem com o dinheiro que ele manda todo mês para o Haiti, depois que
conseguiu trazer sua esposa para morar aqui seu sonho é trazer o resto da família e
segundo suas projeções daqui dois anos já terá condições para isso. Lesly
alugou uma casa Santo Amaro-SP onde vive com a sua esposa, a casa é pequena,
tem apenas dois cômodos e por isso não pode trazer o resto da família, mas está
juntando dinheiro para comprar uma casa aqui em São Paulo.
Muitos haitianos como Lesly
tentam reconstruir as suas vidas no Brasil e esquecer a tragédia que devastou o
seu país. Atualmente vivem no Brasil aproximadamente
5 mil haitianos. Parte desse contingente de imigrantes foi regularizado no país
depois de entrar ilegalmente pelas fronteiras com a Bolívia ou com o Peru. Cerca de 800 obtiveram, entre
janeiro e setembro passados, visto por cinco anos emitidos na capital haitiana,
Porto Príncipe, dentro de uma política do governo brasileiro firmada em janeiro
deste ano para tentar frear a entrada por via terrestre.